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Ministério da Cultura vai premiar 500 iniciativas de cultura popular com R$ 10 milhões

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, lançou, nesta sexta-feira (27), em Recife (PE), a 6ª edição do Prêmio Culturas Populares. Trata-se da maior premiação da cultura popular realizada pelo MinC em termos de valores e número de premiados. Este ano serão investidos R$ 10 milhões – valor recorde – em 500 iniciativas que fortaleçam e contribuam para dar visibilidade a atividades culturais de todo o Brasil, como cordel, quadrilha, maracatu, jongo, cortejo de afoxé, bumba-meu-boi e boi de mamão, entre outras. 

 

"O Prêmio Culturas Populares é um marco. É a maior premiação da cultura popular brasileira, é o reconhecimento da importância de nossas tradições culturais e daqueles que as mantêm vivas e potentes em todas as regiões deste vasto e diverso país", destacou o ministro durante o evento, realizado em clima de festa, com apresentações de grupos de maracatu, quadrilha e outras manifestações populares.

 

Na edição deste ano, cada um dos premiados receberá R$ 20 mil, o dobro de 2017. Serão 200 prêmios para iniciativas de mestres e mestras (pessoa física); 180 para iniciativas de grupos sem CNPJ; 70 para pessoas jurídicas sem fins lucrativos; 30 para pessoas jurídicas com ações comprovadas em acessibilidade cultural; e 20 para herdeiros de mestres e mestras já falecidos (in memoriam). As inscrições podem ser feitas de 30 de abril a 13 de junho, pela internet ou via postal. 

 

A seleção dos premiados será conduzida por uma comissão composta por 30 membros: 15 servidores públicos e 15 membros da sociedade civil. Os critérios de seleção incluem o grau de intercâmbio de saberes e fazeres da cultura popular que tenham proporcionado aprendizado entre diferentes gerações, a relevância e a contribuição sociocultural das práticas nas comunidades em que são desenvolvidas, a capacidade de perpetuação e preservação dessas atividades tradicionais, gerando emprego e renda, entre outros. 

 

Em cinco edições, o Prêmio Culturas Populares contou com 9 mil inscrições e distribuiu R$ 18,7 milhões em prêmios a 1545 mestres, grupos e entidades sem fins lucrativos. A premiação estava suspensa desde 2012 e foi retomada no ano passado, quando obteve número recorde de inscritos (2.862), com 500 premiados.

 

Na edição de 2017, foram 258 agraciados do Nordeste, 151 do Sudeste, 42 do Norte, 21 do Centro-Oeste e 28 do Sul do Brasil. Para garantir que a distribuição dos recursos seja feita de forma democrática, em 2018 serão 100 prêmios para cada região. Se uma das regiões não atingir o total de vagas existentes, as vagas restantes serão redistribuídas entre as demais regiões. 

 

Selma do Coco

 

Selma do Coco foi essencial para a consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro (Foto: Priscilla Buhr)
 

A cada ano, o prêmio homenageia um grande nome da cultura popular. Nesta edição, a homenageada é a cantora pernambucana Selma Ferreira da Silva, a Selma do Coco, falecida em 2015. Nascida em 1925 na cidade de Vitória de Santo Antão, deixou como principal legado a sua contribuição para a consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência nacional, tendo gravado cinco discos, ganhado oito prêmios – entre eles um Prêmio Sharp – e participado de festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa.

 

Selma do Coco teve contato com a música tradicional pernambucana ainda criança, nas festas juninas que frequentava com os pais. Aos 10 anos, mudou-se com a família para Recife. Casou-se e teve 14 filhos, dos quais apenas um chegou à vida adulta. Dos demais, 10 morreram recém-nascidos, dois durante o parto e um em um acidente de caminhão, que também vitimou seu marido. Além dos filhos, também ajudou na criação de quatro sobrinhos. 

 

Já viúva, mudou-se para Olinda. No Alto da Sé, cantava o coco enquanto trabalhava com a venda de tapiocas. A cantoria, inicialmente solitária, aos poucos se transformou em rodas de coco, realizadas no fundo do quintal da casa da artista. "Aos poucos, as pessoas foram gostando, as rodas ficaram cada vez mais cheias e assim minha avó foi ficando conhecida", conta a neta Raquel Marta, 37 anos. 

 

"Ocupo com muito orgulho o lugar dela", destaca Raquel, que é vocalista do grupo Coco de Selma. "Além de fisicamente parecida, minha voz também se parece muito com a de minha avó", afirma. "Ela era uma mulher guerreira, uma grande mestra do coco. Tinha grande amor pelo trabalho. Eu e várias outras pessoas do coco nos espelhamos nela", destaca.

 

Gravou o primeiro CD – Coco de Roda, o elogio da festa – em 1995. Em 1996, apresentou-se pela primeira vez a um grande público, durante o Festival Abril pro Rock, em Recife. O segundo CD – Cultura Viva – foi gravado em Berlim, em 1997, e relançado no Brasil em 1998 com o nome Minha História. Pela obra, que traz os sucessos A Rolinha, Santo Antônio e Dá-lhe Manoel, recebeu, em 1998, o então Prêmio Sharp, hoje Prêmio da Música Brasileira. 

 

Participou do Festival Lincoln Center, em Nova York, e do New Orleans Jazz & Heritage Festival, em Nova Orleans, entre outros, e se apresentou em diversos países, como Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Suíça e Portugal.  

 

Em 2007, recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC), principal condecoração pública da área da cultura, entregue pelo Ministério da  Cultura (MinC). Faleceu em 9 de maio de 2015.

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Postagem em: 27/04/2018